Minha experiência profissional abrange conhecimentos e vivências que me trouxeram aprendizados para toda a vida, por isso, hoje gostaria de compartilhar com vocês um pouco dessa trajetória.
Descobri minha vocação para ser médico muito cedo. Ter a chance de ajudar a salvar a vida de outras pessoas sempre me fascinou. Escolhi ser médico porque amo e respeito a vida! Escolhi servir ao próximo porque sei que todos nós um dia precisaremos de ajuda. Estudioso e focado, fui aprovado no vestibular de Medicina da Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), em Santa Catarina.
Confesso que a Oncologia não estava entre as minhas primeiras opções. Pensava em me especializar em Obstetrícia ou Cirurgia. De volta à Itapeva, no interior de São Paulo, tive contato com um médico que me motivou a buscar especialização na área oncológica. Eu tinha duas opções: ou estudar em outro país, ou tentar uma das poucas e concorridas vagas na Santa Casa de Misericórdia.
Como São Paulo é a terra das oportunidades, voltei à cidade para tentar ingressar na residência médica na Santa Casa. Mais uma vez, precisei deixar o trabalho em segundo plano para me dedicar integralmente aos estudos. Consegui a tão desejada vaga de minha residência em Radioterapia. Sempre em busca de conhecimento, decidi realizar minha pósgraduação em Perícias Médicas, também na Santa Casa de Misericórdia, e fiz parte do corpo clínico da Instituição Sírio Libanês.
“É A HISTÓRIA DAS PESSOAS QUE FAZ A HISTÓRIA DA NOSSA CIDADE”
Minha história na região começou há dez anos. Surgiu a oportunidade de um concurso público para atuar na cidade de Santana de Parnaíba. Passei pelo processo seletivo e fui aprovado. Mudei com minha família para Alphaville. Gostamos demais de morar na comunidade, com características de uma cidadezinha de interior, próxima à natureza e ao mesmo tempo completa, no que diz respeito ao comércio e serviços disponíveis. Um local pujante. Nesses últimos anos, atuei como diretor do Posto de Atendimento Médico (PAM) Fazendinha. Na sequência, fui diretor da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Granja Viana, em Cotia, e também da Unidade de Saúde Avançada (USA) Fazendinha, em Santana de Parnaíba.
Gerenciar pessoas e um hospital público é muito desafiador, mas também gratificante. Gosto muito do meu trabalho e, em algumas semanas, chego a trabalhar mais de 100 horas. Tive a oportunidade de morar em San Diego, nos Estados Unidos. Lá, conheci profundamente a área hospitalar e médica oferecida. O que mais me impressionou foi a humanização do atendimento médico disponibilizada aos pacientes, sempre com carinho, acolhimento e atenção de verdade.
De volta ao Brasil, durante todos esses anos dedicados incansavelmente à medicina, tenho tentado aplicar um pouco do conceito que aprendi na Califórnia em meus atendimentos aqui no Brasil. O bom médico não é o que trata de pessoas enfermas. É aquele que trata enfermos como pessoas. Sou muito grato a todas as oportunidades que me foram confiadas! Cuidar da saúde é um compromisso que sempre honrarei como profissional e como ser humano. Ser médico é curar quando possível, aliviar quando necessário e consolar sempre.
A partir de agora, estarei cada vez mais próximo da comunidade de Alphaville e região, por isso, mensalmente, terei um encontro com vocês aqui nas páginas de Viva S/A. Neste espaço, vamos abordar temas como qualidade de vida, prevenção e as últimas novidades do universo da saúde.
COMO TODO PRECONCEITO, O “ARITMÉTICO” CHAMADO IDADE NOS FRAGILIZA A CADA DIA
Nascer, ser criança, adolescente, adulto e tornar-se um idoso são fases da existência que devem ser vividas normalmente, com a mesma intensidade, com o mesmo cuidado, para que se chegue bem ao final. Cada uma dessas fases tem suas limitações, independentemente do seu estado “bom” de saúde. O desafio pessoal é como viver bem cada uma delas. Cuidar de nós mesmos nos garante uma vida melhor, dentro do que as faixas etárias nos permitem, mas, infelizmente, não somos os únicos responsáveis por ter uma vida saudável.
Como seres humanos, vivendo em mundos diferentes, em situações adversas, estamos sujeitos às intempéries naturais e às provocadas pelo homem. Somos escravos do tempo, vivemos correndo em busca de uma vida melhor, enfrentando problemas e muitos se esquecendo de cuidar da própria alma. Tudo o que cerca o ser humano influencia sua existência, mas a saúde é a responsável por nos manter inteiros, ativos e vivos. E é a conquista dessa saúde que vemos boicotada por políticas públicas equivocadas ou inexistentes. Ainda não existem estudos que apontem as razões biológicas para um ser humano ser mais saudável que outro, e que nos garantam viver até o último dia com saúde. O imponderável acontece, e qualquer pessoa saudável pode adoecer de uma hora para outra.
Como médico que trabalhou em hospitais no Brasil afora com pouca estrutura, eu era obrigado a fazer um pouco de tudo. Acompanhei de perto todo tipo de sofrimento, em todas as idades. Os milhares de atendimentos que fiz me dão a certeza hoje que precisamos entender que velhice não pode ser sinônimo de doença, de inatividade, ou de fim da vida. Um idoso pode viver mais de cem anos, e um bebê pode morrer logo após nascer. Precisamos mudar esse pensamento que transformou a senioridade em senilidade, caduquice, incapacidade, e doença, como está nos dicionários.
Envelhecer deve ser visto como ter mais experiência, maturidade, tranquilidade, capacidade de interpretar as coisas com sabedoria. Ser idoso é ter sobrevivido às etapas da vida, e ter a sorte de se manter vivo. Imaginar um fim próximo só porque ingressou na velhice, usar isso como alimento e trazer a dor para sua vida é chegar lá como se não tivesse valido a pena viver.
Tudo pode acontecer em qualquer idade, mas a verdade é que quem envelhece com qualidade de vida tem muito mais chance de viver bem até o final. Qualidade de vida não é só comer bem e fazer exercícios. Qualidade de vida é ter moradia digna, ter o que comer e vestir, se distrair, não viver sozinho e continuar ativo física e psicologicamente. Mas, infelizmente, isso não depende só de cada um de nós.
A OMS – Organização Mundial da Saúde reconhece que envelhecer bem não é apenas responsabilidade do indivíduo, mas um processo que tem de ser respaldado por políticas públicas, iniciativas sociais e de saúde ao longo da vida. Em 2025, a população idosa do Brasil estará entre as seis maiores do mundo. Isso não pode ser ignorado pelos governos. Somos um país emergente, e qualidade de vida está ligada diretamente às condições socioeconômicas. Os governos precisam agir, pois é urgente atender às necessidades de cidadania e reduzir a desigualdade social.
Por: Dr. Danilo Ferraresi | CRM / SP – 135249 Formado em Medicina pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), com residência em Radioterapia e pós-graduação em Perícias Médicas pela Santa Casa de Misericórdia, SP
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