Descobrindo os Segredos do Douro: Patrimônio da Humanidade

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Em nenhum outro lugar de Portugal a intervenção do homem na paisagem é tão evidente como no Douro, desafiando a gravidade das encostas íngremes onde se situam as vinhas. Pela sua beleza e monumentalidade, a região do Douro foi reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade.

A região, atravessada pelo rio Douro que lhe dá o nome, estende-se desde a fronteira com Espanha e atinge cerca de noventa quilómetros da cidade do Porto.

Altamente montanhosa, a região é protegida da influência atlântica pela Serra. O clima é geralmente seco, com invernos frios e verões muito quentes, e é caracterizado por chuvas moderadas no oeste e uma aridez quase desértica nas terras próximas à fronteira no leste.

É no Douro que nasceu o Vinho do Porto ou vinho do Porto, principal embaixador dos vinhos nacionais, apoiado nas duas últimas décadas pelos vinhos tranquilos do Douro que ganharam consideração e independência, afirmando-se hoje como fonte de crescente notoriedade da região.

O Douro está dividido em três sub-regiões: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. O Baixo Corgo, sob influência direta da Serra do Marão, é a sub-região mais fresca e úmida, a mais fértil e com maior densidade de vinha. O Cima Corgo é conhecido como o coração do Douro, onde nascem muitos dos vinhos do segmento superior do Vinho do Porto. O Douro Superior, a maior sub-região, é a mais quente, seca e extrema. É uma das regiões mais ricas em castas autóctones, com centenas de castas únicas e uma grande área de vinhas velhas, por vezes com dezenas de castas mistas.

Entre as centenas de castas, destacam-se cinco castas tintas, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Franca e Touriga Nacional, selecionadas pela excelência na produção de vinho do Porto. Destacam-se também as castas brancas Gouveio, Malvasia Fina, Moscatel, Rabigato e Viosinho, e as castas tintas Sousão e Tinta Amarela (Trincadeira), esta última utilizada no Douro DOC.

 Brandy (para fortificação)

Com o desenvolvimento das exportações de vinho do Porto, iniciou-se a prática da adição de aguardente (destilado de vinho). Graças à prática da fortificação, foi possível notar como o vinho resistiu inalterado à viagem marítima; além disso, a interrupção da fermentação pela adição de aguardente tornava o vinho mais doce e adequado ao paladar do mercado inglês.

 O nome Vinho do Porto

A designação vinho “do Porto” explica-se pelo fato de o vinho ser armazenado e comercializado a partir do porto situado entre a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia. Antigamente o vinho viajava ao longo do rio Douro em barcos denominados rabelo e envelhecia nos armazéns de Vila Nova de Gaia, uma vez que esta zona tem pouca variação de temperatura ao longo do ano.

 O vinho do Porto é possivelmente, o vinho fortificado mais famoso do mundo.

Quando falamos de vinhos fortificados referimo-nos a um pequeno grupo de vinhos: Marsala, o Xerez e o Madeira são representantes de grande prestígio. Tudo rigorosamente “inventado” por mercadores ingleses há séculos, que procuravam desesperadamente uma solução para o armazenamento do vinho, tanto nas longas travessias oceânicas como nas viagens mais curtas, pois quando era descarregado nas Docas de Londres encontrava-se quase sempre em mau estado de conservação.

 Então, em que consiste um vinho fortificado? É um vinho ao qual foi adicionado álcool proveniente da destilação do bagaço para garantir a sua conservação e, como consequência natural, aumentar o seu teor alcoólico final. Esta operação particular ocorre alguns dias após o início da fermentação, ou seja, quando as leveduras começam a transformar o açúcar contido nas uvas em álcool e dióxido de carbono; desta forma a fermentação para quando nem todo o açúcar foi convertido, razão pela qual estes vinhos são maioritariamente doces.