Viva Golfe – Janeiro de 2024

Dilicia – um conto golfístico

Imagem: Freepik

Um jovem de nome João, nos seus 17 anos, com 10 de handicap, conheceu uma jogadora de golfe de nome Dilicia, que era uma delícia de moça, e o pior tinha uma irmã gêmea, que não jogava golfe, mas que também era uma delícia. Não demorou muito para que a delícia da Dilicia virasse sua musa inspiradora, no golfe e em tudo que é uma delícia na vida. Dilicia era linda, tinha um andar, um jeito e um corpo que era uma delícia só. A suavidade do swing de Dilicia e o seu balançar, causava sempre uma sensação deliciosa de se ver. Encontrar ou ver Dilicia, passava ser a mais deliciosa sensação daqueles dias e não encontrar ou ver Dilicia, tormentos que nenhuma outra delícia podia superar. Com o andar do tempo, só aumentou sua vontade diária de ver Dilicia, chegar perto para sentir seu perfume, obviamente era uma delícia sensorial. Jogar 18 buracos na companhia de Dilicia, transformava todo o seu jogo, ao esquecer de fazer força e deixar de lado as preocupações com o meu swing, todo o seu o foco era ver e pensar o tempo todo em Dilicia, que parecia que os deuses do golfe, andavam dando uma tremenda de uma ajuda no seu jogo, em especial na suavidade da batida, o follow through e o finish perfeitos, mais pareciam o dançar de uma valsa imaginária e não percebida.  Não demorou muito para que os neurônios e a testosterona da juventude, entrasse em rota de colapso total, onde sonhos diários e homenagens ocasionais, viraram um misto de sensações quase inexplicáveis. Dormir, comer, ir à escola, era só uma perda de tempo, que ele esperava que fosse mais passageira possível, para que a distância entre um encontro e outro com sua Dilicia, não parecesse uma eternidade. Como Dilicia ia normalmente 4 vezes por semana ao clube, ele passou a ir 6 vezes, menos na segunda em que o clube era fechado, para evitar o acaso dela mudar um dia. Ele queria chegar mais junto a Dilicia, mas como toda deusa, matinha sempre certa distância, o que deixava o jovem cada vez mais maluco, e única coisa que realmente melhorou na sua vida, foi que de tanto treinar e jogar, seu handicap em pouco mais de 1 ano, chegou a 2. Como Dilicia tinha 9 de handicap, o fato de o jovem estar jogando muito bem, não passou despercebido por ninguém no clube, que agora sempre que podiam convidavam-no para uma partida. Mas ele só queria estar com Dilicia, que o endoidecia, e não dava maiores trelas. Com medo de fazer uma declaração mais forte de seus sentimentos para a moça, e perder pelo menos aquele amor idílico que já lhe fazia tão bem, foi levando um relacionamento de dois jovens amigos o mais que pode. Num final de tarde de outono, jogando sem caddies, sua testosterona, quase arruína sua reputação de bom moço respeitador, quando passando perto de uma apa (área de proteção ambiental),o seu desespero era tão grande, que por muito pouco o moço não carrega sua Dilicia, mata a adentro para abrandar seus anseios quase loucos. A deusa Dilicia, que de boba não tinha nada, deu pequenos sinais de ardentes desejos, mas despistou com muita elegância e sabedoria. Pegar na bola depois daquele buraco da APA, foi o maior martírio, e o nosso príncipe de handicap 2, parecia um iniciante que mal acertava uma tacada simples. Não dormiu nada naquela noite, em que nas horas que se passavam, gestos de desespero e momentos de homenagens, pareciam que não se findariam. Nas três noites seguintes, tudo se repetiu, e o nosso João, parece ter ficado doente, pois não foi por três seguidos ao clube e todos ficaram preocupados. Decidido no quarto dia foi ao clube, não bateu bola no driving range, só para não perder um minuto de chance de estar com a sua Dilicia, que foi abordada quase que instantaneamente ao descer do carro, quando o seu fiel motorista que a acompanhava todos os dias ao clube abriu a porta, lá estava João. Gaguejando ele falou a Dilicia, que precisava falar muito com ela a sós e naquele momento, fato que assustou um pouco a moça, mas ela que pressentia muito bem os anseios do moço, acabou concordando ir a um canto de uma das mais belas salas do clube para conversar. Mal se sentiram confortáveis na sala, João, disparou como uma metralhadora potente, todos os sentimentos para fora, em contados 10 minutos ininterruptos. A deusa Dilicia disse ter ficado extremamente lisonjeada com a declaração, disse também que nutria enorme simpatia pelo João, que gostava muito dele como um excelente parceiro de golfe, mas não queria se envolver emocionalmente com ninguém pois tinha projeto de estudar e fazer carreira no exterior. Apesar de ter ficado quase petrificado pelo balde de água fria que recebeu, João, entrega a ela um presente, que uma espécie de puzzle, onde desenhos em cada pedaço de papel, de bolas, tacos, flores e campos, recebia uma mensagem do seu amor por ela. Ao ler cada uma das frases escritas, e eram dezenas, Dilicia, ia ficando com a face ruborizada, pela competência e talento do seu poeta golfista que ela não conhecia.  Ao acabar de ler todas as mensagens, Dilicia, num lance muito rápido, como se fosse um drive batido como muita vontade, lascou um tremendo beijo na boca de João, que ficou que nem bobo parado. Logo em seguida ela sai e vai ao vestiário feminino, e volta depois de algum tempo toda pronta para jogar uma partida de 18 buracos. João jogou 3 abaixo do par naquela tarde, e só não quebrou o recorde do clube, porque nos primeiros 6 buracos parecia que estava no mundo da lua.

Já está indo embora :´(
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