Que comam brioche!

"Tenho visto, estarrecido, pessoas alienadas da realidade concreta da grande maioria do povo brasileiro"

Foto: filme “Maria Antonieta”

Essa frase, comumente atribuída à Maria Antonieta (1755-1793), teria sido proferida durante um dos períodos de fome que ocorreram na França durante o reinado de seu marido, Luís XVI de França. Ao ser alertada de que as pessoas estavam sofrendo devido à escassez generalizada de pão, a rainha teria respondido “então, que comam brioche!”

Embora atribuída à esposa de Luís XVI, não existem registros confiáveis de que essa argumentação tenha sido feita por ela. A frase aparece pela primeira vez na obra Confissões, a autobiografia de Jean-Jacques Rousseau, cujos seis primeiros livros, embora publicados em 1782, foram escritos em 1765, quando Maria Antonieta tinha nove anos de idade.

Receita antiga
O brioche é um dos pães doces mais antigos de que se tem notícia, e ele se torna incomparável e único pela maciez, aroma e sabor. A sua massa leva farinha, ovos, açúcar, fermento e muita Que comam brioche! manteiga. Pode ter o formato de uma bolinha, um cogumelo ou uma empada, chegando a pesar de 10 a 500 g, além de conter diversos recheios e adição de frutas secas, conforme a região.

Indiferença com os menos favorecidos
Lembrei-me dessa famosa história ao ver a total insensibilidade de algumas pessoas, políticos e governantes da atualidade, que demonstram pouco se importar com os menos favorecidos impedidos de exercer o seu trabalho e, portanto, de comprar o pão de cada dia para suas famílias.

Como essas pessoas e políticos geralmente são ricos e têm seus proventos garantidos e religiosamente depositados em suas contas bancárias, isso graças aos impostos que pagamos, devem pensar que, se os mais pobres não têm pão, que comam brioches!

Salvadoras de vidas?
Com suas geladeiras abastecidas, mordomias mantidas, emprego garantido, segurança pessoal e muito mais, essas pessoas e autoridades, soberbas e arrogantes, que se dizem “salvadoras de vidas”, acreditam que a maioria do povo, sem trabalho e sem dinheiro, possa comer brioches, pedidos por aplicativos e entregues em suas casas enquanto assistem a mais um seriado do Netflix.

Tenho visto, estarrecido, pessoas que se dizem inteligentes, religiosas e sensíveis, totalmente alienadas da realidade concreta da grande maioria do povo brasileiro.

Esses indivíduos, que nunca usaram transporte público, nunca precisaram de atendimento de saúde em um posto de periferia, jamais souberam o que é penúria de fato, dizem e publicam, em alto e bom som, que não há motivos para revolta e desespero dos que vivem de um pequeno salário ou de uma atividade autônoma simples, não regulamentada, sem carteira assinada, sem garantia, com pouca esperança além de sua crença e fé.

E, quando essas pessoas mais pobres e simples sentirem fome, e não tiverem pão, a resposta dessa gente insensível, com certeza, será: “Que comam brioche!”.

Como disse Abraham Lincoln: “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Pense nisso. Sucesso!

Dica do mês
Título: Socorro! Tenho Medo de Vencer
Autor: Luiz Marins
Editora: Harbra | Preço: R$ 45

*Preços pesquisados em miao de 2020

A história mais famosa do Professor Marins sobre foco!

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