Os exemplos gritam mais que as palavras

Pais que querem ensinar seus filhos a ser pacientes, mas eles mesmos agem com impulsividade, terão pouco sucesso

Ilustrativa

Provavelmente, mais de 90% da influência que os pais exercem no processo de formação da personalidade dos seus filhos se deve não àquilo que falam, corrigem, apontam, mas àquilo que são, pelos comportamentos que expressam espontaneamente e ficam fotografados pelo fenômeno do registro automático de memória (RAM) dos filhos.

Muitos pais perdem o respeito e a capacidade de educar porque não entendem que os comportamentos espontâneos de seus filhos formarão grande parte de janelas da memória que capacitarão seu desenvolvimento e maturidade emocional. Pais que querem ensinar seus filhos a ser pacientes, mas eles mesmos são impulsivos, ou ensiná-los a ser flexíveis, quando eles mesmos são engessados e rígidos, terão pouco sucesso. O exemplo não é apenas uma boa forma de educar; é a mais poderosa e eficiente. O exemplo grita mais do que as palavras. Um grande executivo conquista a admiração e influencia seus liderados muito mais pelos seus comportamentos do que pelas suas palavras. Quem trai suas palavras com suas ações precisa aumentar o tom de voz e exercer pressão para ser ouvido. É, portanto, um péssimo líder. Devemos ser plantadores de janelas de memórias light (experiências que resgatam grande prazer e potencializam os sentimentos saudáveis) para contribuir para a formação de mentes livres e emoção saudável.

A reformulação do papel da escola
A escola deve ser um complemento à educação familiar. E, para isso, os professores precisam saber educar a emoção e trabalhar as funções mais importantes da inteligência para formar pensadores, e não repetidores de informações. Pensadores filtram o que ouvem; repetidores de informações obedecem a ordens, têm baixo nível de consciência crítica e autonomia.

Veja o caso da Alemanha pré-nazista. Os alemães ganharam um terço dos prêmios Nobel na década de 1930 do século XX. O país tinha a melhor educação clássica: a melhor matemática, física, química, engenharia. Entretanto, isso não foi suficiente para expurgar Hitler, um homem inculto, rude, tosco, mas, ao mesmo tempo, teatral. Quando ele surgiu no cenário com Goebbels, Himmler, Göring e outros, e, junto com eles, começou seu marketing de massa, seduziu a juventude alemã. O Eu do povo alemão perdeu a autonomia. Hitler e Goebbels devoraram primeiro o inconsciente coletivo dos alemães para, depois, “devorarem” judeus, marxistas, eslavos, ciganos, homossexuais e outras minorias.

Mas a pergunta que não pode calar hoje é: com o tipo de educação clássica atual, que forma repetidores de informações, é fissurada pelas redes sociais e atingida frontalmente pela Síndrome do Pensamento Acelerado, estamos preparados para não repetir tais atrocidades quando uma nova onda de janelas killer (áreas da memória com conteúdo emocional angustiante, tenso e depressivo), capitaneada por aquecimento global, insegurança alimentar e escassez de recursos naturais, abater o inconsciente coletivo da humanidade? Minha resposta, infelizmente, é “n ã o”. Formar pensadores e educar a emoção é vital e urgente.

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