O Chile e a uva carménère

"Em 1994, o enólogo francês Jean Michel Boursiquot apresentou um estudo identificando a carménère e, posteriormente, testes de DNA comprovaram sua tese"

Uva carménère

O Chile é hoje um dos principais países produtores de vinhos finos, que ainda são os preferidos dos brasileiros, pois representaram praticamente a metade dos vinhos por nós importados em 2020.

Assim como nos demais países do Novo Mundo, as castas francesas foram trazidas para o Chile no início do século XIX, incluindo a cabernet sauvignon, merlot, malbec, cabernet franc e a, então “tímida”, carménère, muito utilizada em bordeaux para cortes (ou assemblage) com outras uvas.

Ilustrativo

Em 1860, os vinhedos franceses foram dizimados por uma praga devastadora, chamada filoxera, que ataca somente raízes nobres (vitis vinífera).

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Descobriu-se, então, que essa praga não atacaria raízes americanas, e assim a França reiniciou o replantio de seus vinhedos, enxertando as vinhas nobres nessas raízes.

Tal processo fez renascer os principais vinhedos e castas na França, mas a carménère não vingou, tendo sido declarada como extinta.

Após a queda de Pinochet, em meados dos anos 80, e com o retorno da democracia e estabilidade, muitos produtores internacionais iniciaram seus investimentos no Chile, que, por suas condições climáticas muito favoráveis, era ideal para elaboração de vinhos de boa qualidade de forma econômica.

Os resultados dessas iniciativas foram surpreendentes, e o Chile tornou-se conhecido pelos seus vinhos de bom custo-benefício.

Devido às condições de clima e solo muito favoráveis, as uvas francesas se desenvolveram muito bem ali e, pelo que se sabe, a filoxera, que destruiu muitos vinhedos na Europa, não consegue sobreviver no Chile.

Nesse ambiente tão abençoado, a carménère se desenvolveu de forma espetacular e, ao longo dos anos, foi confundida e vinificada como merlot.

Enólogo francês Jean Michel Boursiquot

Em 1994, o enólogo francês Jean Michel Boursiquot apresentou um estudo identificando a carménère e, posteriormente, testes de DNA comprovaram sua tese. A partir de então, a carménère recuperou seu verdadeiro nome e se tornou a uva emblemática do Chile, já que estava extinta no restante do planeta.

Diferentemente do que se conseguia na França, onde era usada predominantemente para cortes, o Chile produz varietais (100% produzidos com essa uva) espetaculares, muito estruturados, com toques vegetais e especiarias. Ideal para acompanhar carnes fortes como cordeiro, massas com molhos condimentados e queijos tipo parmesão.

A carménère não é uma uva de fácil vinificação, pois precisa ser colhida no seu ponto ideal de maturação para o produto não se tornar excessivamente herbáceo ou alcoólico.

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A uva carménère também é hoje muito utilizada em cortes e em grandes vinhos chilenos, como o Almaviva.

Enfim, a lista dos carménère é, felizmente, longa, e essa casta, que teve seus originais na França, é hoje tipicamente chilena.

Os melhores podem apresentar na boca notas de chocolate. Vale lembrar que essa revolução da carménère é uma história ainda muito recente, ou seja, a natureza certamente ainda nos reserva outras maravilhas para o mágico mundo dos vinhos.

Saúde!

VINHOS RECOMENDADOS:
Arboleda Carménère 2016 (R$ 228)
Viña Maipo Gran Devocion Carménère 2015 ( R$ 135)

Dúvidas e sugestões: sidnei@tonel55.com.br | Tel.: (11) 99175-7799 | www.tonel55.com.br

A REGIÃO ONDE É PRODUZIDA O VINHO ARBOLEDA

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