Deixando marcas

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Nascemos com referências. Só o momento do  nascimento já traz uma enxurrada de referências para cada ser: a cidade que nasceu, o bairro que mora, a jornada da vida de seus pais, a sua família, o timing da sua geração, entre tantas outras coisas que compõem a sua história. Às vezes, não percebemos que nossas escolhas de vida são filtradas a partir dessas referências. A infância pode ser uma fase bastante decisiva, pois essas referências podem ganhar um peso maior – aquilo que uma criança vê e escuta pode parecer uma verdade absoluta. Muitos de nós já nascem com histórias incríveis de criação de laço e emoção mas, às vezes, esse mesmo laço pode gerar dinâmicas complexas. As referências de uma pessoa podem tornar certas experiências mais ou menos possíveis. Isso pode ser importante para o contexto de vida e para o mindset inicial de alguém. Afinal, existem infinitas sutilezas e permutações. 

Quando culpamos os outros pelas nossas atitudes, podemos entrar em um espiral que nos desempodera: repetimos padrões e não conseguimos quebrá-los. Nós podemos manifestar a nossa realidade. Talvez, a família que nascemos, de alguma forma, também foi manifestada por nós. Você sai de um lugar muito mais empoderado ao acreditar que a sua alma escolheu determinadas pessoas e referências para te fazer crescer e evoluir. E assumir que as pessoas que se relacionam com você fizeram o melhor para você, pode te ajudar a mudar o olhar de certas situações. 

Não existe certo ou errado sobre suas referências e a dos outros. Às vezes, você mesmo é a sua própria referência – e você pode não reparar. Talvez, se tivéssemos visto desde cedo referências externas diferentes do que somos, poderia ser mais fácil desenvolver empatia e compaixão pelo próximo. É normal estar cercado de pessoas que reforçam o que vemos e, geralmente, essa “bolha” só retroalimenta as mesmas referências que tínhamos. O que você considera normal? O que você acredita ser possível e realizável?

Durante nossa jornada, é normal lidar com situações que não esperávamos. Muitas vezes, não temos repertório necessário para lidar com tais situações, mas a primeira quebra de expectativa está lá para te ensinar. Procure olhar para as suas referências, não a dos outros. Não existe melhor ou pior, cada pessoa tem seu tempo para lidar com a quebra de suas expectativas e não é porque uma quebra de expectativa demora a acontecer, que ela não pode ser dolorosa. Uma pessoa pode entrar na sua vida para te mostrar que é possível, sim, realizar aquilo que deseja. Essa pessoa pode ser uma espécie de cura e pode se tornar uma referência depois de você ter se sentido frustrado. Expandir suas referências através do olhar de alguém que você ama pode ser maravilhoso. 

As referências podem ser quebradas para melhor ou para pior. Geralmente, quando nossas referências quebram para pior, nos sentimos quebrados também. Só você sabe com profundidade qual era a sua versão antes e depois da quebra de uma referência que carregava. Podemos achar que, quando éramos mais jovens, vivíamos boas referências por sermos mais novos e, consequentemente, com menos experiências de vida. Daí nos tornamos adultos e, geralmente, vivemos em estado de alerta. A questão é que as coisas boas e ruins coexistem no universo. É importante entender nossas referências, assim como nossas quebras de referências e como essas diferenças acabam influenciando nossas escolhas – isso pode te ajudar a fazer escolhas que realmente te representam!