Um tremendo alívio

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Depois de trinta meses de muito trabalho, finalmente iremos inaugurar o nosso clube prive Blue Golf Center, que exigiu muita vontade, tenacidade e um empenho muito acima de qualquer projeção. Começando pelo projeto arquitetônico que levou quase 120 dias de trabalhos ininterruptos, diuturnamente, até nos darmos por satisfeitos e convencidos, com a trabalho da jovem arquiteta que estava acostumada com obras de alto padrão, mas que teve que aprender os nuances de cada detalhe que se refere ao golfe.

O projeto, desenvolvido num terreno de 1.000 m2, nos Jardins, área nobre de São Paulo, tinha de construção o equivalente a 500 m2 em dois pisos de 250 m2, em térreo e Primeiro andar. Área já existente do casarão que obrigara no passado um barão do café. Na parte da frente do térreo foi projetado um grande lounge, um bar café e bistrô com apenas 28 lugares, uma cozinha e banheiros femininos e masculinos. E nos fundos um pequeno drive ranger com 4 baias, um local para exposição de produtos de golfe, e muitas mesas para bate papos.

O pequeno drive ranger fora incrustado num jardim, com um paisagismo de primeiríssima que lembrava um campo de golfe real e nos fundos uma grande lona, para amortecer as batidas das bolas, com um grande mural feito pelo artista plástico Kobra com mais de 100m2. No lounge foi colocado com o patrocínio da Sony dois telões com 100 polegadas cada, que trouxe do Japão, por aqui não existia na época. No fundo do lounge foi projetado um palco/estúdio, que semanalmente abrigaria um programa de golfe ao vivo da TV Bandeirantes, que a partir de agora seria fora dos estúdios do Morumbi.

O bar café bistrô, seria comandado por um sócio brasileiro do famoso cozinheiro francês Paul Bocuse. Requinte e elegância de forma despojada, para criar um ambiente gostoso e extremamente anti estresse. Como não seria permitido que os usuários levassem seus tacos de golfe para treinar no drive ranger, uma parceria com A Titleist e a Callaway disponibilizaram os modelos mais avançados das marcas. Não seriam comercializados quaisquer produtos de golfe no Blue Golf Center.

No andar superior há um auditório para 48 pessoas, mais banheiros, cavalheiros e senhoras, uma sala de reunião e um escritório que abriga uma assessoria financeira de algum banco. Até a inauguração ainda não se tinha ainda conseguido um patrocinador financeiro, que compraria o naming rights e teria sua assessoria financeira no local. Um convênio com um estacionamento próximo, o serviço de valet foi treinado à exaustão para propiciar aos visitantes todo o conforto, para deixar e retirar seus carros, sem muita demora. As recepcionistas foram treinadas pelo responsável do hotel Ca’d’Oro e tiveram seus uniformes desenhados pelo estilista Alexandre Herchcovitch.

O evento teste ou a pre opening como alguns gostam de chamar ocorreu com 30 dias antes da inauguração, e contou com a presença de 20 (vinte) convidados muito especiais, amplamente confirmados, para evitar falta ou excesso de usuários para o evento teste. Na oportunidade, durante a apresentação do programa ao vivo de golfe da TV Bandeirantes comandado por Dede Gomez e pela jornalista Silvia Vinhas, foi servido um coquetel patrocinado whisky Johnnie Walker.

E após o programa foi servido um jantar magnífico que somente os discípulos da escola Gordon Bleu poderiam proporcionar. Único senão do evento teste, foi a iluminação do drive ranger nos fundos, que não funcionou a contento, mas não tirou o brilho do evento e permitiu correção para a inauguração. Tudo programado para a inauguração no dia 31 de janeiro de 2000, às 19 horas, uma segunda-feira, nesta ocasião foram convidadas 50 pessoas, incluindo jornalistas.

Tudo transcorria as mil maravilhas quando por volta das 21 horas, entrou um entourage comandada por um prefeito, seu secretario de comercio e industria, uns advogados e um oficial de justiça, que eu habilmente levei para o escritório no andar superior para evitar transtorno na festa, mas mesmo com todo cuidado e discrição, alguns dos convidados perceberam que havia problemas.

Ao nos sentarmos na minha belíssima sala, fui notificado que eu estava sendo intimado e processado pelo crime de injúria econômica, contra o município de Araçoiaba da Serra, onde ficava o clube de golfe que eu presidia. Não entendendo a fúria daquelas pessoas, eu não conhecia ninguém, de repente acordei com o grito do escrivão de justiça que exigia que eu assinasse a intimação. Tudo não passou de um sonho, cujo despertar foi um tremendo alívio.