Um passo na escuridão

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O que você faz quando está diante do desconhecido? 

Primeiro eu não quero que você compare o desconhecido com um abismo, afinal os abismos são sempre perigosos, e as situações novas a enfrentar frequentemente não têm perigo nenhum. Simplesmente não são tão claras quanto as que já conhecemos e elas causam medo porque nos trazem o desconhecido. 

Talvez você nem imagine quantos abismos pulou, mas com certeza reconhece que já enfrentou o desconhecido muitas vezes. Desde o momento em que saltou do útero de sua mãe e abraçou o mundo, lembrando ainda seu primeiro dia de aula, seu primeiro emprego e tantas outras situações. 

A pergunta importante a fazer é: será que eu ainda consigo dar os saltos que a vida exige de mim? 

Reconheço que não é fácil lançar-se no desconhecido. A maioria das pessoas, quando não tem clareza do que vem pela frente, procura levar a vida em banho-maria. 

O medo do novo pode nos travar na busca de um novo projeto de vida. 

O medo do desconhecido pode nos tornar inseguros. 

Avançar quando o horizonte está claro é uma tarefa fácil. 

Avançar quando o horizonte está escuro é tarefa para quem aprendeu a viver. 

A vida sempre nos coloca diante de situações em que saltar no desconhecido é o único caminho possível. Do contrário, não poderemos seguir adiante, não poderemos nascer para o novo. 

É claro que há uma série de riscos nesse salto, mas saiba que, se você não saltar, jamais conhecerá a vida que está oculta atrás das nuvens escuras. Jamais vai tomar a decisão que mudará radicalmente seu mundo! 

Existem situações na vida que exigem que a gente assuma uma postura radical e parta para o tudo ou nada. Se não corrermos riscos, não poderemos superar os obstáculos, pois certas coisas não se acertam por si sós. É preciso tomar uma decisão e ir até o fim, encarando de peito aberto as consequências de nossas ações. 

As pessoas que não partem para o tudo ou nada correm o risco de perder a própria vida na ânsia de manter situações insustentáveis. Essa preciosa lição eu aprendi com um grande terapeuta chamado José Ângelo Gaiarsa. 

Quando somos crianças, no entanto, nossos pais nos ensinam a ser cautelosos. Eles nos ensinam a refletir sobre as consequências de nossas decisões mostrando o perigo de agir sem pensar. Eles estão certos, pois não podemos viver impulsivamente.

O problema é que, muitas vezes, eles exageram na dose do remédio e os filhos se transformam em adultos que pensam tanto nas possíveis consequências negativas de suas ações que acabam bloqueando a própria vida. Os pais insistem tantas vezes para que a criança conte até 10 antes de agir que ela passa a contar até 10 milhões antes de fazer qualquer coisa! 

Com medo de fazerem bobagens, esses adultos bloqueiam a capacidade de se arriscar. Em vez de realizarem seus projetos, eles se preocupam em não cometer erros. E o pior é que terão sucesso na empreitada: não errarão quase nunca, mas também não farão o que desejam. 

Sem perceberem, essas pessoas assumem um risco ainda maior: o risco de viver sem errar. Elas são tão exageradamente cautelosas que estão sempre indecisas e, quando conseguem tomar uma atitude. 

Isso não quer dizer que seus pais sejam responsáveis por sua maneira de agir. É somente uma explicação de como aprendemos a agir desse jeito. Mas, agora, a vida está em suas mãos. Eles já fizeram a parte deles, agora é você que deve decidir como agir. Sem desculpas nem acusações. 

E então, está com medo de saltar no desconhecido? 

Não fique muito preocupado, tente! 

Já pensou se der certo? Sempre existe a chance de dar errado, mas como você vai saber se não arriscar? Se não ousar, se não errar, como saberá até onde pode chegar? 

Não fique com medo de não acertar, pois os erros fazem parte da trajetória de quem vive de verdade. 

Afinal, a vida não é um quadro pronto, e sim uma obra de arte que se revela com uma nova pincelada a cada dia…