A coqueluche esportiva hoje em solo brasileiro é o beach tênis, uma modalidade que une diversão e entretenimento, e pode ser praticada até no meio da rua. Modalidade nascida na Itália na década de 1970, foi recentemente adotada pelos clubes esportivos de norte a sul do país, implantada muito facilmente, seja adaptando algumas quadras de tênis ou mesmo espaços perdidos ou mal aproveitados. Praticado em duplas, em contagem similar ao tênis, tem uma velocidade de jogo tremenda, lembrando em alguns momentos até o badminton nas trocas constantes da bola de lado.
Caiu no gosto do brasileiro, porque além do aspecto do jogo ser mais equilibrado que o tênis, quando há diferenças técnicas, tem “savoir faire”, que me permito em tradução livre dizer, muita flexibilidade e malandragem ao mesmo tempo. Onde pequenas perturbações aos oponentes durante o jogo são encaradas de forma natural e a participação das “torcidas” é relevada com muito bom humor. Tudo isto sem apresentar custos tão elevados quanto o tênis, uma vez que estão surgindo quadras pelo país afora nos mais diversos lugares das cidades, inclusive fora dos clubes esportivos.
Comparar o Beach tênis e o golfe no Brasil, é uma covardia, porque além de ser um esporte infinitamente mais difícil, os custos para praticar o golfe por aqui seguem nas alturas. Não há campos públicos, e os poucos existentes confirmam a regra, e os clubes de golfe são verdadeiras caixas hermeticamente fechadas na maioria das vezes, até para aqueles que têm condição financeira de praticá-lo. Apesar da certeza de que tenho que ser um esporte abraçado muito pelos brasileiros, especialmente da classe média, se pudesse praticá-lo. Se a capilaridade e a facilidade da prática do beach tênis é incomparável ao golfe, este por sua vez tem alguns “appeals” que brasileiro gosta muito, o taco, a bola, malevolência do swing, as enrascadas que um campo de enorme tamanho apresenta, o desafio maior de jogar contra o campo e contra si mesmo e não contra os adversários.
Obviamente tem umas coisas no golfe, que conflita com o espírito do brasileiro, que são as regras rígidas especialmente de postura e comportamento. Mas graças a bênção Divina, foi dado ao brasileiro uma flexibilidade de cintura, que permite uma adaptabilidade até para as regras mais duras. Como um amante dos esportes em geral, e tendo praticado golfe a mais de cinco décadas, ficaria muito feliz se pudéssemos ampliar muito os praticantes de golfe.
E quem sabe um dia poderemos ter no golfe a performance que temos no futebol, no vôlei, no futevôlei, do surfe, no skate, no beach tênis, que são praticados do jeito de ser dos brasileiros. E que o golfe de competição entre nós possa ter muitos torneios, como ocorre no beach tênis que neste ano de 2024 têm 34 torneios de nível médio e alto, que oferecem bons prêmios em dinheiro, permitindo que muitos profissionais possam viver de torneios.
Um país continental como o nosso conseguiu num prazo muito curto alcançar hoje a cifra de 1,2 milhão de praticantes segundo a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), o que representa 50 vezes o número de praticantes de golfe, que está entre nós há mais de 100 anos. Se fosse sonhar acima de qualquer expectativa alcançar o número de golfistas americanos que hoje passam dos 20 milhões de praticantes, poderíamos pelo menos nos aproximar aos 120 mil praticantes da nossa vizinha Argentina. Se a introdução do beach tênis foi avidamente bem recebida pelo grande público esportivo brasileiro, tudo indica que o pickleball que foi introduzido por aqui nos últimos quatro anos, tem tudo para se desenvolver tanto quanto ou mais que o beach tênis, pois além de ser também uma variação do tênis, mais fácil que o beach tênis e a quadra é menor ainda. E para ironia do destino esportivo, o maior incentivador do pickleball por aqui é o meu amigo Mado, que foi e continua sendo um grande jogador de golfe amador, que trouxe a primeira academia para São Paulo, após acompanhar de perto a coqueluche que o pickleball vem tendo nos Estados Unidos, desde o início da pandemia do COVID.
Se todos os esportes são bem-vindos para um país que pode ser uma potência olímpica, mas que só há pouco tempo está perdendo a monocultura do futebol, precisamos olhar o golfe também como uma grande oportunidade que ampliar os números de campos traria para a preservação ambiental, seja no cerrado, na caatinga e todas as áreas degradáveis, que podem criar um ambiente ideal para a flora ea fauna.
Que o pickleball seja abraçado pelos dirigentes do desporto nacional, como vem sendo o beach tênis, mas que olhem também para o golfe, um jogo onde as regras principais são de etiqueta, e ainda, que possa ser tratado também como matéria educativa como é o First Tee nos Estados Unidos, que abraça crianças a partir de 4 anos de idade. A centena de milhares.
Viva o golfe e todos os esportes!