Sono curto, vida curta

O publicitário Walter Longo fez parte da força-tarefa da Persono, a nova unidade da Coteminas dedicada a estudar e melhorar a qualidade do sono.

Walter Longo

O Brasil é o terceiro país no mundo onde menos se dorme, depois de Cingapura e Japão. “A privação do sono é uma pandemia silenciosa, que se agravou ainda mais em 2020”, relata Josué Alencar, diretor da Coteminas, um dos maiores grupos de cama, mesa e banho do país, dono das marcas Artex, Santista e Mmartan.

A má qualidade do sono é algo tão sério que a empresa mineira lançou um projeto inédito para estudar, conscientizar, monitorar e auxiliar no tratamento de distúrbios do sono. Batizada de Persono, a nova unidade da companhia trouxe um olhar científico para a qualidade do sono do brasileiro, e funciona como um hub de soluções.

Dormir bem, viver melhor
Com o propósito de melhorar a vida das pessoas a partir de um descanso noturno com maior qualidade, a unidade Persono atuará em três frentes: conscientização sobre a importância do sono, coleta de dados de monitoramento com diagnóstico, e acesso a produtos e serviços para dormir melhor.

A plataforma www.persono.com.br traz conteúdo informativo, pesquisas, serviços e novidades de alta tecnologia que ajudam a entender a importância do sono e, com isso, a ter uma vida saudável e mais longa.

Dados da Associação Mundial de Medicina do Sono, atual World Sleep Society, revelam que os problemas de sono ameaçam a saúde e a qualidade de vida de mais de 45% da população mundial. Para mapear o sono do brasileiro, a Coteminas – com 240 lojas próprias e um marketplace de vendas online com 50 milhões de visitantes – realizou pesquisa com 2 mil pessoas, de Norte a Sul do país.

“Dois terços dos adultos reconhecem que não dormem as recomendadas oito horas por noite”, alerta o publicitário e palestrante Walter Longo, que integrou a equipe de estudos da Persono. Autor do livro Viajar, você ainda vai querer evitar, ele notou que a privação de sono era o principal indutor de estresse dos viajantes. “O sono é um estado de desligamento do corpo e de limpeza das toxinas cerebrais acumuladas ao longo do dia; todos os mamíferos e aves dormem”, ele afirma. Ao longo da vida, um ser humano passa entre 25 e 30 anos em repouso.

Dormir pouco aumenta a tendência à obesidade, o desenvolvimento de doenças como Alzheimer, e amplia as chances de hipertensão e outras doenças cardiovasculares. A ausência de sono de qualidade afeta o aprendizado, a memória e a concentração, e ainda induz a acidentes no volante.

As repercussões imunológicas são um capítulo à parte. “Quatro horas de sono por noite reduzem a potência das células de defesa do organismo, ampliando as chances de contrair doenças”, explica Longo.

Relógio biológico
Os indivíduos obedecem a um ciclo interno chamado circadiano, que é o sinal emitido pelo relógio biológico situado nas profundezas do cérebro. É ele que controla a temperatura do corpo e a liberação de hormônios que regulam os horários de alimentação, cansaço e vigília. Uma dessas substâncias é a melatonina, responsável por determinar o momento do dia em que estamos mais despertos e produtivos.

De acordo com a pesquisa da Persono, quatro em cada dez pessoas no Brasil são de cronotipo intermediário. O restante da população se divide em igual proporção entre aqueles de ritmo biológico matutino, os mais ativos nas primeiras horas do dia, e aqueles que rendem melhor à noite.

Segundo o levantamento, a população feminina diz “funcionar melhor” à tarde, e os homens tendem a ter sua melhor performance no período da manhã. Já os idosos têm perfil matutino, enquanto os adolescentes são mais vespertinos.

Ciência do sono
“Dormir é como um lava-jato do cérebro, uma fábrica de longevidade que toda noite remove as proteínas tóxicas dos neurônios geradas durante as sinapses diárias”, diz Walter Longo. Algumas dicas podem ajudar, como manter rotina fixa de horários para deitar e levantar, alimentação saudável, exercício físico reparador, tomar sol meia hora por dia e evitar cafeína e nicotina após as 14h.

Especialistas são unânimes em afirmar que, na maioria dos casos, a baixa qualidade de sono pode ser resolvida com mudança de hábitos ao longo do dia. Sedentarismo, dieta inadequada e uso de telas de celulares à noite também contribuem.

A recomendação é limitar o uso de eletrônicos que emitam luz pelo menos duas horas antes de dormir. Nada menos que 78% dos brasileiros têm o hábito de levar o celular para a cama, em especial os mais jovens.

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