Tem uma frase que eu gosto muito, do Upanishad Chandogya, que diz: “Existe uma luz que brilha além de todas as coisas na Terra, além dos mais altos, dos mais altíssimos céus. É a luz que brilha em teu coração.”
Os apaixonados são cristalinos. Ficam mais bonitos e luminosos. Mesmo que quisessem guardar para si esse sentimento, não conseguiriam. São traídos pelo brilho nos olhos. A paixão pela vida faz com que sejam pessoas especiais. Muitas pessoas, à medida que vão sofrendo acidentes de percurso, vão perdendo esse brilho. Príncipes se transformam em sapos, e diamantes são cobertos de lama. Mas príncipes sempre serão príncipes, e diamantes são eternos. O verdadeiro campeão é capaz de acender essa luz. Sempre encontra novas formas de manter as pessoas à sua volta motivadas, seja considerando seus pontos de vista com muita atenção, seja mostrando muito bem a razão que fundamenta determinadas opiniões. É importante tocar a essência dos seres humanos e atingir a alma das pessoas. É importante fazê-las sentir a honestidade dos nossos propósitos. É aí que surge a oportunidade de dar uma dimensão vital a cada pessoa que convive conosco. É aí que surge a oportunidade de tratar cada pessoa como “a pessoa”, como aquela pessoa especial. Motivar não é sinônimo de bajular — nem sempre é esse o reconhecimento que a pessoa espera. As pessoas precisam sentir-se importantes!
Mas, Roberto, ajudar as pessoas a se sentir importantes significa gastar todo seu tempo motivando-as? Não. Motivar não é o mesmo que fazer uma sessão de terapia, pois este pode ser um estímulo passageiro. O que importa é que a motivação seja fruto de um interesse real pela pessoa. Quantas vezes na vida familiar deixamos de fazer um gesto simples? Digamos que você seja um empreendedor atribulado, cheio de compromissos e que ainda arranjou trabalho extra à noite: está empenhado em concluir sua tese de doutorado. Você está ali, totalmente concentrado nos livros, quando sua mulher se aproxima solicitando atenção. “Não, agora não posso porque estou estudando”, você argumenta.
Pense bem. O que custaria parar por um momento? Apenas alguns segundos para agradecer o café e fazer uma breve declaração: “Meu amor, que bom ter uma pessoa compreensiva como você”. Quem sabe até arriscar uma conversa rápida, mas carinhosa, mostrando quanto ela é querida e importante. Esses poucos minutos podem contribuir, e muito, para melhorar a qualidade de vida de sua família! As pessoas produzem mais quando se sentem bem em relação a si próprias, por isso é uma habilidade do campeão saber cuidar das pessoas com quem convive, para que todos possam se sentir confiantes de sua capacidade de realização. Existem palavras mágicas para dizermos aos nossos filhos, à nossa esposa e também aos nossos colegas de trabalho que abrem portas e são realmente muito poderosas — “por favor” e “obrigado”, em geral, demolem barreiras e constroem monumentos. O caminho de uma pessoa campeã é aquele em que o técnico se transforma em estadista. Em que o conhecimento se transforma em sabedoria. Sem dúvida, o mundo necessita muito mais dos sábios do que dos gênios. No caminho dos verdadeiros campeões, você encontrará sempre muitas pessoas agradecidas por um toque, por uma informação, por uma palavra amiga, às vezes por uma crítica, por um olhar de confiança… Estímulos que você não acha em qualquer lugar.
O mundo precisa de seres humanos com qualidade para realizações de qualidade. Precisa de seres humanos que não façam sua tarefa por obrigação, mas com consciência e prazer. Precisa de seres humanos que vivam seu casamento com ternura e amizade. Precisa de seres humanos que sejam pais, e não simples procriadores e mantenedores. Precisa de seres humanos que sejam amigos, e não simplesmente colegas. Precisa de seres humanos que tenham Deus como aliado, não como adversário. Precisa de seres humanos que vejam a vida como uma dádiva, e não como um fardo. Porque são eles que vão construir um mundo mais digno de viver. Seja, você, esse ser humano!
AS PESSOAS SÃO ÚNICAS
Está decretado o fim daquela frase de pai: “Trato todos os meus filhos da mesma maneira”. Os filhos não são iguais. Cada filho é único, cada um tem características próprias. Quando os pais tratam os filhos como se fossem todos iguais, cada um começa a perceber que não está sendo tratado como o João que é, ou como o José, ou o Antônio — ele se sente tratado apenas como “um filho do Pedro”. Quando um pai trata cada filho de acordo com suas peculiaridades, com seus desejos, respeitando a vontade de um de ser médico, do outro de ser engenheiro, do outro de ser artista, eles começam a perceber que na estrutura familiar existe espaço para cada um deles. O mesmo ocorre em uma empresa. “Aqueles não são os vendedores, as telefonistas, a turma do marketing”. Ali há um indivíduo, e outro, e mais outro, cada um com a própria identidade. Quanto mais o administrador se aproximar de cada uma dessas pessoas, mais conseguirá tocá-las, fazendo com que se sintam importantes e motivadas.