Os primeiros mil dias – da fecundação aos dois anos de idade

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A gestação é uma das fases mais incríveis da vida de uma mulher. A descoberta da gravidez, as primeiras mudanças físicas, todos os sentimentos e emoções à flor da pele. Tudo, com certeza, é muito marcante e intenso. É normal começar a pensar e cuidar dos mínimos detalhes para quando o bebê nascer. Mas, algumas famílias esquecem que, tão importante quanto decorar o quartinho do bebê é cuidar da alimentação desde os primeiros dias intrauterinos.

Uma revista inglesa muito renomada no meio científico, chamada The Lancet destacou, por meio de artigos publicados, a importância de concentrar a atenção à saúde do bebê no período que vai desde a concepção até o final do segundo ano da criança. Uma vez que a gestação tem em média a duração de 270 dias, o primeiro ano do bebê mais 365 dias e o segundo ano também, totalizando os primeiros mil dias, demonstra que o estado nutricional das crianças nessa fase tem repercussões por toda a sua vida.

Mas, por que esse período é tão importante?

Existem três principais marcos no desenvolvimento humano que tornam essa fase tão decisiva: o desenvolvimento do cérebro e suas conexões; o desenvolvimento do microbioma e suas dimensões; e as raízes do desenvolvimento do paladar.

A formação do cérebro se inicia a partir da quarta semana da gestação. A partir daí, o cérebro cresce 175% no primeiro ano de vida, 18% no segundo ano e 21% até a idade adulta. Durante a gestação e os primeiros anos de vida de uma criança, ocorre grande divisão celular, o auge do desenvolvimento cerebral, significativa formação de neurônios e interligações entre eles. Tudo isso forma a base do funcionamento cognitivo e emocional para o resto da vida.

Da fecundação aos primeiros anos de vida, ocorre a maior parte do desenvolvimento do microbioma humano. A colonização do intestino do bebê e de todo o seu corpo será influenciada pelo microbioma materno e paterno, pelo tipo de nutrição recebida nos primeiros seis meses, pelo tipo de parto, pelos hábitos das gestantes e por muitos outros fatores.

A formação do paladar inicia-se ainda no período intrauterino e é influenciada pelas experiências alimentares vividas até os dois primeiros anos. A partir da décima sexta semana, o feto passa a engolir líquido amniótico identificando o seu sabor. E, a partir da vigésima quarta semana, as células olfativas começam a funcionar. Alguns hábitos que comprometem (e muito) a saúde da criança:
•Fumo
•Álcool
•Uso indiscriminado de medicações

Tendo todas essas informações em mente, constata-se que o hábito alimentar e o estilo de vida da mãe durante a gestação e da criança até os dois anos de idade não só podem, como vão, influenciar na saúde dessa criança para o resto da vida! A gestante não está apenas fornecendo os nutrientes para o bebê, ela é a responsável por imprimir nos seus descendentes as primeiras sensações alimentares, e isso é uma responsabilidade e tanto.

por: THALITA CARDOSO – Graduada em Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pós-graduanda em Nutrição Maternoinfantil na Prática Clínica e Ortomolecular pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde (Fapes)