O príncipe Ronnie Von

foto: YouTube27

Estive na casa do cantor e apresentador Ronnie Von. Conheci sua garagem superespecial que ele fez com o tema anos 1950. Entre os objetos, uma coleção de garrafas de Coca-Cola e de carros da época, além de uma adega com 2.500 rótulos. Hoje com 74 anos, é sucesso desde 1966, quando apresentou na TV Record o programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, e também ganhou o apelido de “príncipe” dado por Hebe Camargo. No bate-papo falamos sobre família (ele é pai de três filhos), carreira e música.

Os filhos são a melhor coisa do mundo ?
Na vida tudo é efêmero e passageiro, mas a família não. Família é verdade, é permanente. Você não tem como escolher sua família, tem como escolher os amigos que depois se tornam da família, mas seu DNA de origem não muda. Então, vivam os filhos!

Você conheceu a Cristina quando tinham 11 anos?
Sim. Fomos amigos na infância. Agora vivemos uma loucura! O médico começou com a reposição hormonal e disse que ia deixá-la com a disposição de vinte anos e eu chamei o médico e disse – Você não a deixou com vinte! Deixou-a com 17 anos! (Risos). Vivemos um romance.

Aliás, Ronnie, você quase morreu por duas vezes?
Sim! Tive uma neuropatia. Uma inflamação no sistema nervoso periférico. Tinha 33 anos e de repente de uma inflamação na laringe que não se curava, passei a sentir uma dor na perna e fiquei paralítico. Uma dor absurda! Tomei analségicos fortíssimos e não passava. Foi um sufuco.

É verdade que você não queria gravar a música A Praça e a ela acabou sendo um dos seus maiores sucessos?
Verdade. Eu não queria gravar. Meu primeiro sucesso foi com a música Meu Bem, uma versão minha da Girl dos Beatles. Um dia, eu estava no programa do José Paulo de Andrade aqui na Band. Havia um gravador de rolo e o Zé Paulo quis me mostrar uma música e começou a tocar “A mesma praça, o mesmo banco”. Quando eu ouvi disse – Deus me livre, não gravo isso de jeito nenhum! Sou roqueiro. Ele insistiu dizendo que era uma composição do Carlos Imperial. Eu continuei negando, até que a gravadora me pediu e eu tinha de gravar um novo LP e pensei- tá legal, coloco essa música no meio de todas. Então gravei. Aí eles lançaram em disco compacto. Em uma semana a música chegou ao primeiro lugar nas paradas e permaneceu nessa colocação durante seis meses. Vendeu mais discos do que número de equipamentos para tocar esse disco.

Sente-se mais confortável como apresentador do seu programa na TV Gazeta do que como cantor?
Infinitamente mais à vontade. Não posso fugir desse paradigma que foi a música na minha vida. Tudo que eu consegui material e emocionalmente foi pela música. Eu me tornei a ovelha negra, diziam que eu ia jogar o nome da família na lama se eu fosse músico. Tive de superar tudo isso. Vim a São Paulo com uma mão na frente e outra atrás. Fui morar num hotelzinho que era tão elegante que foi invadido pelo MTST ( Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Eu tinha que ouvir na rádio “esse filhinho de papai”, “essa calcinha de veludo está tirando o lugar de alguém que precisa”. Eu vim, sim, de uma família de recursos, mas tive de deixar tudo para perseguir um sonho. Até os meus amigos. Diziam que eu fazia música que não era engajada. Falavam isso sentados nas coberturas de Copacana tomando uísque escocês. É o que eu chamo de “esquerda escocesa” (risos).

E quanto à música hoje. O que acha do funk?
Isso é um modismo. O funk, na verdade, aquele beat sensacional, teve como precursor o Ed Motta. Impecável. Mas, de repente, houve uma derivação do funk verdadeiro e rotularam como funk. Acho que será passageiro, como a bossa nova foi.

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