Como comentei no artigo anterior, nós temos de agradecer o privilégio de praticar este esporte, que, além de representar uma luta contra nós mesmos, agora, durante a pandemia mostra sua especificidade quanto a distanciamento social em natureza sempre bela e bem cuidada.
Muitos jogadores estão tendo a oportunidade, nesta quarentena, de trabalhar nos seus “home-office”, ou seja, diretamente de suas casas nos condomínios com golfe, como é o meu caso, e já estão pensando em, sinceramente, continuar com esta vida mesmo pós-pandemia. Boa parte desses executivos, em face de proibição de contarem com a ajuda dos seus caddies, adotou as motos e os triciclos (veja a foto) para o golfe como seus parceiros ideais. Os carts de golfe, pelo custo e pela dificuldade de manutenção, cederam lugar às motocas que estão se tornando febre. E, como disse um golfista amigo meu, CEO de uma grande companhia, o golfe dele melhorou muito nos últimos 70 dias; com a aquisição de uma dessas motos, ele consegue jogar todos os dias sem afetar sua agenda de trabalho. Ele sai cedo, por volta das 7h, para jogar nove buracos, sozinho ou em companhia de um amigo vizinho, e às 9h já está pronto para seu dia operacional na companhia de vídeo ou áudio. Ele para normalmente às 12h, volta para o campo para jogar mais nove buracos, e às 14h já está a postos e disponível para sua agenda operacional de novo. Obviamente, como ele é da Terra de Todos os Santos, na sexta-feira ele para de trabalhar às 12h em ponto, para poder jogar 18 buracos de golfe na parte da tarde com os amigos, porque ninguém é de ferro. Vejam que boa ideia!
MUNDO DO GOLFE
Nos últimos 30 dias, os golfistas puderam acompanhar bons torneios do PGA Tour e também a volta do European Tour.
Vou começar a falar de um destaque do European Tour, o jovem italiano de 23 anos Renato Parotore, que venceu o segundo torneio da sua carreira no tour no Close House Golf Club, no nordeste da Inglaterra. E foi seguido pelo jovem dinamarquês de 19 anos, Rasmus Rojgaard, que também joga um golfe magnífico e ficou a três tacadas do campeão, jogando 16 abaixo do par. Confesso que, quando vi o nome desse dinamarquês, achei que estava lendo matéria de O Senhor dos Anéis. Mas fico extremamente contente tanto no European como no PGA Tour, ver uma nova geração de jogadores que parece disposta a enfrentar, de igual para igual, os monstros sagrados do golfe. Isso é bom demais!
Mas, voltando ao PGA Tour, neste último mês tivemos a vitória no 3M OPEN, no dia 27 de julho último, do norte-americano de 35 anos Michael Thompson, que venceu pela segunda vez na sua carreira um torneio do tour. Mas, o que chamou a atenção de todos é o fato de que, entre a primeira vitória em 2013 (no Honda Classic) e a atual, ele jogou 167 torneios. Apesar de ter um excelente swing, entre os mais belos do tour, foi preciso ser muito resiliente para voltar a vencer. Emocionado às lágrimas, na entrevista após esta segunda vitória, lamentava não poder abraçar sua família naquele momento, uma vez que essa foi decisiva para ele superar as pressões, os obstáculos, os problemas psicológicos e emocionais para a busca de uma vitória no tour. Gente foi depois de sete anos e quatro meses.
Momento incrível
Na vitória do espanhol John Rahm no Memorial Tournament, que se deu entre os dias 16 a 19 de julho último no Muirfield Village, chamado Jack´s Place, uma vez que o projetista do campo é nada menos que a lenda do golfe Jack Nicklaus, as palavras ao vencedor após o buraco 18 emocionou o ganhador como a todos nós, que assistíamos ao torneio. Jack sendo Jack como sempre, um amante e promotor fantástico do esporte. Já Rahm se torna, aos 25 anos de idade, o segundo espanhol a conquistar a liderança do ranking mundial, como tinha feito seu compatriota Seve Ballestero 32 anos antes. Colocando de lado as semelhanças físicas, nas quais Seve está mais para toureiro e Rahm para touro, o jovem ganhador Rahm deve ter deixado orgulhoso seu ídolo Seve, pois em alguns momentos lembrou muito o maestro na arte de escapar de enrascadas no campo de jogo. E o meio flop do buraco 16, com a bola entrando no buraco, resgatou a magia dos tiros atrevidos e impossíveis do seu ídolo. Muitos golfistas não gostam do swing do Raham, eu estou entre eles, mas sua consistência tanto nos drives, que em média são superiores a 300 jardas, como no jogo curto (abaixo de 130 jardas) tem sido fantástica.
Mas a batalha continua
Rahm não conseguiu ficar nem 15 dias como número um do mundo, já no World Golf Championships –Fedex St. Jude Invitational, ocorrido entre 30 de julho e 2 de agosto, quando se esperava uma luta aguerrida entre ele o Rory MacIIroy, ambos foram atropelados pelo Justin Thomas, que, além de se tornar o número um do mundo, ainda conseguiu um feito extraordinário igualando-se a Tiger e a Nicklaus, com 13 vitórias no Tour com 27 anos de idade. Como a pandemia acabou aglutinando diversos grandes torneios para os próximos três meses, poderemos ter novidades sobre quem continuará sendo o número um do ranking mundial.
Cuidando da saúde dos golfistas
Conforme prometido, segue vídeo preparado e apresentado pela fisioterapeuta especializada em tratamentos de golfistas, Rossana Quessa, que, a meu pedido, começou com o tema mais comum entre nós golfistas: as dores lombares. Eu, particularmente, gostei e espero que os leitores também, da forma simples e bem objetiva que a Rossana adotou para nos mostrar como podemos prevenir ou aliviar as dores lombares. Eu brinquei dizendo que, além da forma natural com que tratou o assunto do alongamento, ela apresentou um agradável sotaque do interior de São Paulo, que deu charme adicional às explicações.