Humorista, compositor, comunicador, músico, apreciador de vinhos e palestrante, Marcelo Marrom nasceu em Niterói em 1971. Filho de José Luiz de Moura e de Talita Costa de Moura, foi criado em berço evangélico em Macaé, região norte do Estado do Rio de Janeiro. Marrom se envolveu cedo com o universo artístico. Por onde passa, arranca muitas gargalhadas, porém, quem olha o seu atual momento de vida não imagina a trajetória percorrida para realizar todos os seus sonhos. Pai de Mariah, Cauê e Luca, e casado com Renata, divide momentos com a família em sua casa em Alphaville, onde mora desde 2017. Surpreenda-se com a sua história. Mas, já adiantamos, a entrevista é só uma pontinha de tudo o que ele tem para falar e acrescentar na vida de todos.
Quando viu que a publicidade não era o seu futuro profissional?
Cursei escola técnica de publicidade, mas a mudança veio como uma comichão, uma necessidade de mudança que tenho desde menino. Comecei trabalhando com publicidade em uma rádio gospel em Macaé. Montei uma banda de baile, importante para a vasta experiência musical. A banda acabou e fui para o Rio montar outra banda e conheci o Rodrigo Capella, que me chamou para tocar violão em um grupo de teatro, o Deznecessários. Foi quando percebi que também poderia ser humorista; afinal, já fazia isso normalmente, viajando com a banda ou com amigos.
Quando você se tornou humorista?
Quando vi, já estava humorista. Tornei-me humorista naturalmente e consegui realizar os meus sonhos e me capitalizar, porque, com a música, era muito difícil ganhar dinheiro. Eu me realizei como humorista, mas mesmo com um público de dez mil pessoas, sentia um vazio imenso, e comecei a questionar qual era o sentido do meu trabalho. Foi quando a Renata perguntou: o que falta? Não sabia a resposta, somente sentia um vazio enorme. Nos últimos cinco minutos do show, comecei a comunicar o que realmente acreditava, e era um papo engraçado, mas não de humor, era motivacional. Muito mais para provocar, mas as pessoas acabavam rindo também.
Como surgiu a ideia da palestra Não Durma antes de Sonhar?
O momento motivacional me dava mais satisfação do que o restante do show. Depois dos cinco minutos no final do espetáculo, passei para dez, e assim esse espaço foi crescendo. No primeiro momento, fiquei constrangido, porque as pessoas pagavam para rir, mas também estavam se emocionando. Entendi, ao longo do processo de mudança, que a minha verdadeira arte é mexer com a emoção das pessoas. Foi então que lancei a palestra e escrevi o livro, ambos como o mesmo título.
Como o público recebeu a sua mudança profissional?
O público aceitou muito bem, muita gente voltava pela parte motivacional do show. Algumas empresas me contratavam e sempre falavam para pegar mais leve, então decidi tornar aquele pedacinho motivacional na palestra. Hoje, apresento uma hora e meia de conteúdo motivacional e engraçado, porque as pessoas também esperam o humor e acabam rindo muito, mas saem de lá com as emoções à flor da pele, com a sensação de que podem mudar algo em suas vidas.
Você estudou para ser palestrante?
Comecei por puro instinto, depois fui estudar PNL e identifiquei o nome de muitas técnicas que já aplicava e nem sabia. Fui conversar também com psicólogos e psiquiatras, e eles me falaram sobre técnicas para melhorar o trabalho; isso me impulsionou a estudar cada vez mais. Porém, o entendimento da alma humana é muito particular, desde garoto tenho isso. Amava ir aos velórios da cidade, lia a Bíblia para saber o que falar na hora e confortar as famílias. Descobri a minha missão e isso me move.
Também no livro, você diz que as coincidências são, na verdade, providências de vida. Para você, coincidências não existem?
A palavra coincidência é muito usada e forte para reger os encontros e desencontros. Prefiro acreditar que são providências. Até acredito em coincidências banais, como um encontro com alguém conhecido no outro lado do mundo, mas, se isso me provoca de alguma forma, se faz algum sentido, deixa de ser coincidência e passa a ser uma providência, uma obra do Universo. Será coincidência o encontro com a Renata? Já era muito amigo do pai dela, tocava em sua casa de shows; na época era casado com outra pessoa, nos separamos e continuei tocando na casa dele. Infelizmente, ele faleceu, e acabei ligando para a Renata. Estava em uma fase ruim, mas queria ajudá-la de alguma forma. Acabamos nos aproximando para retomar as atividades da casa de shows, fiz uma apresentação sem cobrar cachê, mas saí ganhando o seu coração.
Em seu primeiro livro Fé de Mais – Histórias de fé e humor, como você vê a ligação da fé com o humor?
Minha família sempre foi muito religiosa. Gosto muito de ir à igreja e do convívio com os irmãos, mas faço da minha casa uma igreja. Sempre realizamos reuniões religiosas, vêm amigos de todas as religiões, conversamos e nos entendemos da melhor forma. Não é um culto tradicional, mas lemos a Bíblia, fazemos interpretações e cantamos. Sobre a ligação da fé com o humor, também queria entender, mas não entendo, juro pra vocês. É algo muito natural. Talvez porque levo tudo na brincadeira, até mesmo Deus. Ele tem todo o meu respeito, é meu Pai, Criador e sou Seu servo, mas Ele me fez com um sorriso na cara e com uma piada na ponta da língua, por que iria me querer tão sério de terno e gravata?
Qual foi o seu maior sonho realizado?
Difícil citar um só, mas sempre quis ir ao programa do Jô Soares. As pessoas ligam muito o sonho ao tangível, e, quando falo do sonho de ir ao Jô, não é algo que você pode pagar, é muito lúdico. Realizei esse sonho quando estava nos Deznecessários. A Adriane Galisteu foi ver a apresentação, contou para o Jô e ele foi muitas vezes ao meu show e levou vários famosos. Estive cinco vezes em seu programa.
Você recebe muitas mensagens de agradecimento?
Recebo muitas mensagens, mas o Stories do Instagram tem um retorno incrível. Faço caminhadas diárias e gravo vídeos. As pessoas comentam sobre o meu dom de falar, e o que estão sentindo no momento. Recentemente, fui contratado para enviar vídeos semanais motivacionais aos colaboradores de uma grande empresa, e estou adorando.
Você realiza algum trabalho voluntário?
Sou capelão hospitalar. Você aprende a falar o que as pessoas precisam ouvir na hora do sofrimento. Basicamente, toco violão, canto uma canção, faço uma oração, dou um abraço ou às vezes nada falo. Conheci muitas pessoas em situações difíceis. Devemos parar com a concepção de que quem ajuda é o bonzinho e o ajudado é o pobre coitado. Essa é uma troca grandiosa.
Como é a sua relação com a música?
O amor pela música começou quando meu pai me ensinou a tocar violão. Também sou compositor, fiquei por um tempo vivendo disso. Hoje escrevo pouco. Estou apaixonado por piano. Vou mudando as paixões instrumentais, ganhei um valioso acordeon da minha cunhada, – era de sua avó -, logo tentarei tirar algumas notas.
Para finalizar, deixe uma mensagem de final de ano
O ano não começa depois do Carnaval e nem acaba no final de outubro. Temos de tirar esse pensamento da cabeça. São 365 dias somados infinitamente aos outros dias. Essa questão de calendário é para reger a nossa vida, pagar as contas, comemorar aniversários, mas, em questão de sonhos, é uma timeline só. Não deixe passarem as festas para ir atrás dos seus sonhos. Tem sempre algo agora a ser feito. Não relaxe, não deixe os sonhos de lado; esse é o alimento da vida.
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