Jogo por tacadas ou por buracos

Reprodução/Internet

O jogo por tacadas universalmente conhecido por stroke play, é o mais jogado nas competições entre profissionais e amadores, seja nos diversos tours e em quase todos os torneios de clubes de golfe do mundo. Seja no ocidente ou no oriente.

E me parece que esta modalidade por tacadas, realmente reflete a qualidade e padrão dos jogadores, sem falar, que através dela é que se determina o handicap e classifica os níveis de jogadores. E faço aqui uma pausa no meu raciocínio, para me curvar a esta criação espetacular chamada handicap, que é definida como medida numérica da habilidade ou potencial de um golfista, que segundo registros históricos foi utilizado pela primeira no final do século XVII, por um estudante em Edimburgo, na Escócia, de nome Thomas Kincaid, que mantinha um diário de desempenho seu e de seus companheiros.

O sistema de handicap se consolidou no final do século XIX, na Inglaterra e na Escócia, mas se tornou uma medida e cálculo universal a partir de 2020, quando foi criado o Sistema Mundial de Handicap, pela USGA e a R & A, em conjunto. Mas voltando ao jogo por tacadas ou por buracos, eu gostaria de colocar aqui para reflexão, uma pergunta que me fazem há muitos anos, qual a modalidade que mais prazer dá aos jogadores amadores e aquela que permite que o jogo continue mais tempo prazeroso? Eu que pratico golfe há muitas décadas, fui por muito anos adepto do jogo por tacadas, como aquele que depura melhor a qualidade dos jogadores. E continuo pensando desta forma, para as competições coletivas onde há muitos jogadores, seja em torneios profissionais ou amadores.

Mas o tempo me fez pensar no prazer de jogar daqueles que não tem tempo para treinar assiduamente e naqueles com redução de condicionamento físico, como é o meu caso, por idade e contusões ao longo da vida golfista. E minha conclusão que compartilho aqui, me parece genuína quando queremos falar de prazer, que é a modalidade por buracos (match play). Uma vez que na modalidade por tacadas, se um jogador tem um péssimo resultado num determinado buraco do campo, especialmente amadores, como a maioria de nós, isto representa um estrago quase fatal para aquele dia de jogo. Já no jogo por buracos, representa a perda desse único buraco.

E se o jogador, especialmente os amadores, que possuem muito menos controle mental sobre o seu jogo, tiver um pouco de paciência, ele poderá voltar ao “game” no buraco seguinte. Por isto, nas apostas individuais entre amadores, uma tradição de séculos, a modalidade por buracos é disparada aquela que mantém acesa a disputa. Sendo obviamente constatado que um jogador de handicap mais baixo, sofre menos oscilações no seu desempenho médio, na maioria dos jogos por tacadas ele leva vantagem, o que não obrigatoriamente acontece no jogo por buracos.

Como corolário desta situação, o jogador de handicap mais alto leva ligeira vantagem no jogo por buracos. Por isto, em muitos clubes e torneios de matchplay entre amadores, é adotado um redutor da ordem de 15%, isto é, os jogadores jogam com 85% do seu handicap normal. Eu particularmente acho muito justo este ajuste, que dá um pouco mais de equilíbrio ao jogo (mesmo eu agora que passou dos 70 anos e meu handicap continua num crescente numérico). Concluindo esta nossa reflexão, eu não tenho medo de dizer firmemente, que para jogos de competição, ainda mais no alto desempenho, a melhor modalidade é o jogo por tacadas (stroke play), mas para o nosso prazer diário entre amigos, não tenho dúvida que a melhor modalidade é o jogo por buracos (match play).

Eu não poderia terminar este artigo, sem comentar um aspecto que considero extraordinário que reforça o jogo por buracos, que vem dos torneios como o Riders CUP(Europa contra USA), President´s CUP (USA contra o resto do mundo menos Europa), e a Solheim CUP no feminino (USA versus Europa), que no terceiro e último dia do torneio são jogadas 12 partidas de matchplay, que quase sempre definem o campeão, sem falar que quando está equilibrado o jogo entre as duas equipes, cria enorme “frisson” nos jogadores que não estão jogando e na plateia que acompanha no campo ou que assiste pela televisão mundo afora.

Viva o golfe!