No mês de julho, eu e minha equipe participamos do curso sobre dor crônica, PNE – Pain Neurosciense Education, ministrado pelo fisioterapeuta Marcus Vinicius Dassie Domingues.
A fisioterapeuta da nossa equipe, Lícia Cândido Jesi é quem escreve esse artigo, e nos conta um pouco sobre o que estudamos.
POR QUE SENTIMOS DOR?
A dor funciona como um sistema de alarme, que é ativado quando se detecta alguma ameaça à integridade do funcionamento do nosso corpo. É uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada não somente à presença de algum tipo de lesão ou patologia, mas também sob influência de diversos fatores comportamentais e sociais.
Na presença de alguma inflamação ou lesão tecidual, os receptores sensoriais que se encontram espalhados pelo corpo são ativados e essa informação de perigo é levada até o sistema nervoso central. O cérebro recebe essa informação e ao julgar ser uma ameaça, pode gerar como resposta a percepção da dor, sendo esse o fenômeno típico das dores agudas.
Quando a duração da dor ultrapassa três meses, ela é considerada dor crônica ou persistente, acarretando mudanças químicas e estruturais no cérebro. Mesmo que a lesão já tenha sido tratada e não represente mais uma ameaça, a mudança nos parâmetros de perigo ainda está sensível, assim como a resposta, mantendo a dor mesmo na ausência da lesão.
CONSEQUÊNCIAS BIOPSICOSSOCIAIS
O prolongamento dessa sensação desagradável gera mudanças comportamentais como medo, irrita
bilidade, impotência, depressão e insônia. Desencadeia dificuldade em exercer as atividades laborais e de lazer, de manter relações pessoais.
A cronicidade leva o paciente a procurar diversos profissionais de saúde e cada um deles irá tentar agir de acordo com a sua especialidade, gerando uma overdose de opiniões, diagnósticos e tratamentos.
Esse mix de informações ajuda a manter crenças como: “não posso flexionar a coluna por causa da minha hérnia”, “fazer exercícios pode piorar os meus sintomas”. Quando na verdade, o ciclo de alerta não só biológico, mas também psicológico e social, exerce um estado de tensão constante no corpo, retardando a recuperação do equilíbrio de seus sistemas corporais.
PLANO TERAPÊUTICO
Por intermédio de um plano individualizado, podem ser elaboradas estratégias motoras que proporcionem confiança ao paciente em assumir o controle da dor, através de uma exposição gradual de exercícios para recuperação de força e função. Estimular o uso de técnicas de relaxamento, respiração e higiene do sono, irão ajudar a modular as mudanças comportamentais e biológicas. E incentivar a prática de atividades físicas e recreativas, pode modificar positivamente os fatores sociais.
O fisioterapeuta precisa ser reabilitador e educador em todo esse processo, ajudando o paciente a compreender como a integração de diversos fatores pode estar afetando na sua melhora. Muitas vezes será necessária a interação de uma equipe multidisciplinar, para um tratamento de sucesso.
DRA. CATARINA RISSO GERTRUDES | Fisioterapeuta Crefito 99615-F
DRA. SÔNIA DOMINGUES PEREIRA | Fisioterapeuta Crefito 3.8660-F
Clínica Sônia Domingues Pereira – Al. Juruá, 706, dentro da Unidade Einstein Alphaville. Tel.: (11) 99983-6666.
Horário de funcionamento: seg. a sex. das 7h às 21h; sáb. das 7h às 11h.