Se a modernidade nos trouxe conforto, diversão e ampliação para as nossas liberdades, também não se pode negar o aumento do sofrimento que advém dos desenfreados desejos e vontades que invadem diariamente nossos estados de ser e ter.
Encurtamos as nossas distâncias com os meios de transporte e de comunicação, produzimos todo tipo de objetos, úteis e inúteis, que nos rodeiam e participam da nossa identidade pessoal e social.
O homem moderno, que somos todos nós, não escapa à modernidade que inaugurou formas e estilos de vida e também de relações sociais que nos transformaram por dentro e por fora.
Aquele que procura fugir da rotina do trabalho, do estresse no trânsito, das preocupações com as contas e com as notas dos filhos se cerca de tudo o que a sociedade criou para se sentir realizado.
Não percebemos, muitas vezes, que estamos anestesiando nossas insatisfações, deixando-nos levar pela cultura do entretenimento e das relações superficiais.
Seguimos em uma marcha por mais e mais desejo de nos cercar desses objetos, na intenção de que eles nos tornem o melhor que podemos e queremos ser.
Porém, esse mesmo mundo de coisas que nos cercam, trazendo essa impressão de acolhimento e conforto, também nos aprisiona em uma torre de inesgotável insatisfação. Nunca estamos satisfeitos com o que já temos ou com o que conquistamos.
Não é difícil imaginar que o sofrimento virá, rápido e certeiro, preencher o vazio que essa busca incessante irremediavelmente deixa.
Quando não estamos correndo freneticamente para alcançar os nossos desejos, estamos entorpecidos, querendo esquecer as nossas insatisfações.
Ora, o vazio só não estaria se houvesse a calma necessária para se viver o presente em seu estado real de aqui e agora.
Portanto, nunca estamos de verdade no presente, porque estar no presente é tarefa difícil e exige consciência e autoconsciência. É sentir-se pleno com o que se tem e se é.
Pois, quando estamos no aqui e agora, o que somos e o que temos são fatos, e não uma perspectiva; assim, passamos a desejar o que já temos e o que já somos, sem projeções futuras que nos levem a outro lugar de desejo.
Desejar o que já se tem é uma chave preciosa para quem quer sair do sofrimento e viver uma vida mais satisfatória e autêntica, sem se deixar levar pelos incontáveis estímulos de novidade e promessas de felicidades que a vida moderna oferece. Não sucumba ao tentador estado de curiosidade em saber o que seria de você se não fosse como é, e sim o que deseja ser.
Em outras palavras, a realidade é o que temos, e por isso é o que devemos desejar.
DICA DO MÊS
Quem poderia imaginar que Jesus ensinava gestão da emoção para os humanos serem felizes? Nesse livro, o personagem Marco Polo se convence de que bilhões de pessoas que admiram Jesus desconhecem as ferramentas de gestão da emoção que ele amplamente usou. Eu fiquei abalado com todas essas descobertas. Espero que você também se surpreenda com esse romance psiquiátrico.
Título: O Homem Mais Feliz da História
Autor: Augusto Cury
Editora: Sextante
Preço: R$ 24,99
*Preços pesquisados em outubro de 2019