A magia do Hole In One

Reprodução/Internet

Estava assistindo o The Open 2025, que foi jogado no lendário campo do Royal Portrush Golf Club, na Irlanda do Norte, entre dias 17 a 20 de julho, quando o jogador de golfe profissional o inglês John Parry, fez no buraco 13, de 192 jardas, hole in one, muito comemorado no tee, por todos, especialmente pelo seu parceiro o americano Justin Leonard, um veterano ganhador do mesmo Open de 1997.

No dia seguinte, quando eu continuava assistindo o segundo dia do Open, recebi um WhatsApp informando que o amador e grande amigo Wagnão acabara de fazer um hole in no buraco 16 do São Fernando Golfe clube, aqui na vizinha Cotia. Vendo estes eventos ocorrendo muito próximo um do outro, sendo um profissional e outro amador, comecei a pensar na magia do hole in one, que ao longo da história do golfe continua criando o maior frisson, em quem faz o ato e seus parceiros de jogo.

Obviamente como a raridade é maior entre os amadores, onde muitos deles passam a vida sem fazer um único hole in one, a catarse na comemoração entre os amadores sempre é muito relevante sob todos os sentidos, e a tradição de pagar as bebidas do bar jamais é deixada de lado. E por isso, fiz uma pesquisa rápida, para lembrar quando ocorreu a primeira dessas comemorações registrada na história, e como não poderia deixar de ser ocorreu durante o The Open de 1869, quando o jovem escocês Tom Morris Jr, fez o seu primeiro hole in one.

O prodígio do golfe que aos 21 anos, já havia ganho quatro títulos consecutivos do Aberto Britânico de Golfe, fato que até hoje nenhum outro golfista conseguiu. Desde então o hole in one se tornou um símbolo de prestígio, quase que uma marca de excelência, que todos os jogadores buscam um dia conseguir.

A magia e emoção de fazer um hole in one, é grande entre os amadores e os profissionais, sendo que nos primeiros não representa só uma bela tacada ou tacada perfeita, e sim a oportunidade de criar uma história para toda a vida, algo para contar aos amigos e familiares, sempre que o assunto for golfe.

Um ás como é chamado o hole in one, marca para sempre o amador que consegue, mesmo que mais de uma vez. Já entre os profissionais, cuja emoção também é intensa, muitas vezes representa a mudança no quadro de resultados de um torneio, fazendo que este profissional possa às vezes até garantir uma vitória.

Como testemunho do que representa um hole in one, vou dar três exemplos que pude acompanhar pela tv, o primeiro que veio a cabeça ocorreu no Master de 2016, quando sul africano Louis Oosthuizen, fez um lendário hole in one no buraco 16, batendo sua bola na bola do americano J.B Homes, que estava muito próxima do buraco, o que levou o público a uma enorme euforia contagiando a todos e elevando o evento muito mais. Outro exemplo clássico, da magia do hole in one, ocorreu em 1997, quando o magistral Tiger Woods com apenas 22 anos fez no buraco 16, durante o Phoenix Open. Este buraco é o famoso Stadium, que sempre é um show por si só, pelo grande volume de pessoas que ficam ao redor deste par 3. A celebração e o estrondo rugido da multidão foi tão forte, muito ampliado pela ação do Tiger do tee ao green, que até hoje é uma das cenas mais repetidas na história das transmissões televisivas do golfe. Se o hole in one do Tiger é o mais repetido na história viva do golfe, o mais impressionante foi feito num torneio PGA Tour feito 4 anos após, em 2001, pelo americano Andrew Magee, no mesmo Phoenix Open, no buraco 17 um par 4. Que virou símbolo de sorte e audácia, pois a probabilidade de se fazer um hole in one num par 4 é raríssima.

A magia do hole in one, traz à tona não só a personificação do sonho de qualquer golfista, mas também a extraordinária beleza do golfe, onde a imprevisibilidade e a possibilidade de algo especial acontece nos momentos menos esperados. Este colunista, que faz fez 3 hole in one nos seus mais de 60 anos de golfe, ficou muito mais emocionado quando jogando com uma jogadora de 72 anos, que como ele jogava golfe desde os primeiros anos da infância, no buraco 8, do Lago Azul Golfe Clube, em 2012, fez um hole in one, batendo um drive, de 160 jardas.

Segundo ela, aquele acontecimento foi depois dos nascimentos dos seus dois filhos, o mais emocionante de sua vida, pois ela não esperava nesta encarnação fazer mais um hole in one. Ela promoveu uma bela festa no clube em comemoração. Finalizando este meu artigo eu diria, sem medo de errar ou mesmo de ser pretensioso, que o hole in one, continua sendo em mais de 150 anos, o ápice da magia, um momento raro de admiração, um grito de prazer e euforia, que mantém viva a lenda do golfe.

Viva o Golfe