Tenho o costume de fazer caminhadas no início do dia e, por volta de 6h da manhã, ando pelas ruas do condomínio onde moro.
Há algumas semanas, deparei com uma senhora, de idade já avançada, tirando fotografias na praça de entrada do condomínio, onde temos uma paisagem bonita, um lago para peixes e tartarugas. Ela se ajustava em diferentes posições buscando o melhor ângulo e, vendo aquela cena, me ofereci para tirar uma foto dela naquele cenário.
Ela aceitou minha oferta e disse: “Que privilégio poder trabalhar em um lugar tão bonito, vendo as coisas tão bonitas que Deus faz. Tenho muita gratidão no coração”. Concordei com ela, tirei as fotos e segui na minha caminhada.
A cada passo que eu dava, não podia deixar de refletir na lição que aquela mulher simples, trabalhadora, com uma aparência bem cansada pelos anos de trabalho, mas tão otimista, me ensinou naqueles minutos em que estivemos juntos.
Para ela chegar às 6h no trabalho, provavelmente acordou às 4h, se preparou, ajeitou sua casa, acessou um transporte e veio trabalhar. Seu trabalho como doméstica deve ser pesado e, na maioria das vezes, não é reconhecido como deveria. Ao final do expediente, ela novamente gastaria mais duas horas no deslocamento e chegaria a casa para enfrentar os seus próprios desafios.
Diante de tudo isso, o que ela tinha na mente e no coração era gratidão. Ela não parecia dominada pelas dificuldades, mas feliz, por estar em um lugar bonito, enxergando e valorizando as coisas mais simples e naturais que tinha no seu trajeto e reconhecendo que estava sendo abençoada por poder ter uma oportunidade de trabalho em um país onde os números oficiais registram 15 milhões de desempregados, e nós sabemos que o número real é bem maior.
Essa postura otimista e grata refletia em seus olhos cheios de brilho, na leveza das palavras, e no sorriso incontido de quem está se sentindo em paz. O que ela tem não existe para vender, no entanto, pode ser recebido graciosamente. Aquela senhora percebeu o que o Deus Criador estava colocando na sua vida para cuidar dela, e reagia a isso com o coração grato.
Naquele dia, tomei uma decisão: em cada momento, quero “fotografar tartarugas”. Quero ver as coisas simples que Deus está colocando em meu caminho para me abençoar. Quero reconhecer em cada instante que, em qualquer lugar e situação, existe um movimento especial e sobrenatural que me inspira a vencer os desafios e a prosseguir para o alvo. Quero olhar para o que me tira do cansaço da luta e me enche de amor, para continuar promovendo o bem. Ouvir as palavras que afirmam a minha identidade e conexão com o Criador, e não com este mundo atribulado em que vivemos.
Convido você a uma mudança de mente e coração. Para isso, lhe desejo coragem para mudar o que você pode mudar, serenidade para aceitar as coisas que não pode, e sabedoria para discernir entre uma coisa e outra.
Fotografe tartarugas. Elas estão bem perto e, ao encontrá-las, você vai ver como Deus é bom, cuida de você e já lhe deu mais do que precisa para viver uma vida simples, leve e feliz.
“COMO TER SERENIDADE EM MEIO À TRIBULAÇÃO”, POR SIDNEY COSTA