A cultura italiana é reconhecida pela sua riquíssima gastronomia e também pela variedade de fantásticos vinhos que produz e fazem sucesso por todo o mundo. Entre os rótulos mais famosos estão os elaborados com a uva primitivo.
A uva primitivo tem origem na região de Puglia, no sul da Itália, reconhecida como “salto da bota”. Acerca dessa deliciosa casta existem diversas histórias: alguns dizem que os primeiros relatos sobre tal variedade de uva se deram no século XVIII; e outros relatam evidências da comercialização de vinhos elaborados com ela desde 1400. Também há quem diga que ela possui raízes na Croácia, já que, pela genética, se assemelha à uva tribidrag.
O seu nome é uma referência à sua maturação. Enquanto as outras castas tintas costumam amadurecer em meados de outubro, a primitivo já é considerada madura em agosto; contudo, não é por isso que se colhe a uva imediatamente, muitas vezes sendo retirada da videira com um elevado grau de maturação, influenciando nitidamente as características finais dos vinhos.
Uma grande curiosidade é que a primitivo tem um clone na Califórnia, Estados Unidos. Na verdade, descobriram, por meio de testes genéticos, que a zinfandel, uva ícone da Califórnia, é uma mutação da casta italiana. As vinhas chegaram com os imigrantes que vieram ao Novo Mundo em busca de novas oportunidades.
Quando o professor Austin Goheen, da Universidade de Davis, Califórnia, em 1967, experimentou o vinho da uva primitivo, percebeu a semelhança com a uva zinfandel. A partir daí, diversos estudos foram realizados até que, em 1994, as sequências genéticas foram comparadas constatando-se que a diferença entre as duas é muito pequena e, praticamente, ambas podem ser consideradas a mesma variedade.
Entre os principais locais que produzem vinhos a partir da uva primitivo na Itália, a região conhecida como Manduria, no sul da Puglia, é a que elabora alguns dos vinhos mais reconhecidos e conceituados.
Além dela, os destaques vão para as regiões de Lizzano e Sava, que produzem rótulos de excelente qualidade e renome internacional.
O território da Puglia é relativamente grande, onde as vinhas podem se desenvolver em solos vulcânicos, calcários e também em solos negros, originados de depósitos aluviais e de areia do mar. Por isso, em cada uma dessas regiões, a matéria-prima se expressa de formas distintas.
Embora o sul da Itália seja uma região extremamente quente no verão, algumas microrregiões sofrem interferência do Mar Adriático e do Mar Jônico, aumentando significativamente a amplitude térmica, favorecendo maior concentração de cor e aromas, refletindo em vinhos mais concentrados e complexos.
O vinho tinto primitivo, geralmente, é denso, de coloração acentuada, e nitidamente frutado. A base aromática dos exemplares de primitivo são os aromas de frutas vermelhas e negras, geralmente muito maduras. Com a evolução do produto, delicadas notas de especiarias doces podem ser facilmente percebidas. Na boca, é reconhecido por ser muito “redondo” e fácil de beber e, não raramente, pode demonstrar um final de boca doce, contribuindo para a sua maciez.
No Brasil, e em todo mundo, o vinho elaborado a partir da uva primitivo é cada vez mais consumido, e não à toa. Ele tem o paladar que agrada aos sul-americanos, pois é frutado e concentrado na medida certa.
Os vinhos primitivo harmonizam muito bem com alimentos que a maioria dos brasileiros adora, como carnes vermelhas assadas ou grelhadas, queijos amarelos e marcantes e também com pizzas dos mais variados sabores.
Saúde!
DOIS EXCELENTES EXEMPLARES DA UVA PRIMITIVO:
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