A origem da videira e do vinho – Breve história desde as suas origens até aos dias de hoje. Enologia moderna no início do século XX

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O panorama ampelográfico europeu e, portanto, também italiano, sofreu uma evolução brutal. Em poucos anos, foram selecionadas as vinhas mais adequadas para o cultivo nas diversas áreas e criadas as respectivas estacas de raízes americanas, enormes áreas de vinha foram replantadas e mudaram de face. Espécies nativas menores desapareceram, algumas para sempre. Espécies de além dos Alpes com características de adequação a determinados ambientes foram importadas e tornaram-se parte integrante do território e das tradições. Assim entramos na era da viticultura moderna. Em 1986, um escândalo totalmente italiano marcou outro ponto de viragem na nossa vinificação.

A utilização do metanol para elevar o teor alcoólico de vinhos de baixa qualidade por alguns criminosos e as consequentes dezenas de mortes e cegueira permanente que lhe são imputáveis, marcaram um dano à imagem da produção italiana com consequências que inicialmente pareciam irreparáveis. Na realidade, este foi apenas o sinal de que tinha chegado o momento de introduzir esses padrões, mas acima de tudo aquele amor pela excelência em oposição ao volume de produção que ainda separava a produção italiana daquela para além dos Alpes.

Anteriormente, os vinhos italianos mais conhecidos no mundo eram Lambrusco, Frascati, Valpolicella e Chianti em frascos típicos. Depois vieram Angelo Gaja com seu Barbaresco, o marquês Mario Incisa della Rocchetta com Sassicaia, os Antinori com seu Tignanello.

Tínhamos entrado na era “Super Toscana” do yuppismo e da ostentação.

Mas a viragem qualitativa foi marcada. Seguindo estes precursores visionários, milhares de produtores locais de grandes e pequenas dimensões, mesmo de dimensões muito pequenas, compreenderam que a excelência é a chave do sucesso.

Assim, graças também a Veronelli, cujo trabalho teve origens muito anteriores mas cujo culminar coincide com a criação da sua editora, precisamente em 1986, na época dos Guias de Vinhos, chegamos ao conhecimento difundido, aos cursos para Sommeliers, e finalmente, para a internet.

Hoje são sobretudo os pequenos produtores, muitos dos quais poderiam ser definidos como “vinicultores de garagem”, que levam adiante a bandeira do território. Porque o vinho é certamente enologia, mas sobretudo é produto da vinha, e as diferentes espécies com raízes no território (as vinhas, precisamente) permitem-nos então definir, através das denominações e especificações, o panorama ecológico nacional.

Mauricio Costa – master sommelier
@workshopdevinhos